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sexta-feira, 26 dezembro, 2025
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Agência Ideia Goiás – Outubro Rosa: histórias inspiradoras de mulheres que superaram câncer

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Agência Ideia Goiás - Outubro Rosa histórias inspiradoras de mulheres que superaram câncer
Agência Ideia Goiás - Outubro Rosa histórias inspiradoras de mulheres que superaram câncer. Imagem/Freepik

A fisioterapeuta Roberta Perez, especializada na área cardiorrespiratória, tinha a vida profissional com que sonhou, mas às custas do abandono da saúde e do autocuidado, como ela conta. “Estava há anos sem ir ao médico, só me consultava quando caía gripada entre um plantão e outro. Vivia um estresse constante, me alimentava super mal e tinha péssimos hábitos”. 

Mas, ao ler uma publicação na internet, de uma conhecida contando que estava com câncer de mama aos 26 anos, ela ficou assustada. “Decidi que marcaria alguns médicos. Enrolei muito e fazia o autoexame como forma de me sentir menos culpada, mas esse gesto fez toda a diferença na minha vida.”

Um dia ela sentiu um nódulo. “Na mesma hora acendeu o alerta. Procurei um mastologista que, na avaliação, por eu ser jovem e sem histórico familiar, não se preocupou tanto com o caso, mas levou em consideração a minha angústia e pediu uma biópsia. Foi assim que descobri um câncer de mama aos 27 anos.”

Durante o tratamento de quimioterapia, em 2016, ela decidiu que mudaria de hábitos. “Comecei a caminhar na quinta sessão e terminei a 16ª sessão com corrida de 8 quilômetros. Descobri na atividade física uma maneira de me empoderar como paciente e de esquecer um pouco dos problemas.”

Ela fez a mastectomia bilateral e três cirurgias nas mamas. Também teve um tumor benigno no ovário, que resultou na perda do órgão e de uma trompa. “Tive depressão pós-tratamento, porque me sentia perdida e não me encaixava mais na vida que eu tinha. Compreendi que o maior desafio que já enfrentei era o propósito da minha vida e, em 2018, fiz uma transição de carreira e comecei a trabalhar na causa do câncer”. Hoje, aos 33 anos, ela é empreendedora na causa do câncer e fundadora do Portal Vai por mim, que oferece acolhimento e informação aos pacientes de câncer.

Roberta conta que, como não queria ter filhos, optou por não congelar óvulos. Além disso, e por conta do tratamento e com os problemas ginecológicos, os médicos a alertaram, em 2020, que ela não teria condições de engravidar. “Não sei se me impressionei com a notícia, mas sonhei que tinha uma filha chamada Helena. Três meses depois desse sonho, tentando evitar uma gravidez, engravidei de forma natural. Optamos por descobrir o sexo apenas no parto, e no dia 12 de setembro de 2021 meu sonho virou realidade e dei à luz a minha sorridente Helena.”

Sintomas

O nódulo, como o que a Roberta encontrou no autoexame, é um dos sintomas do câncer de mama. Qualquer alteração notada na palpação ou autoexame das mamas como nódulos e áreas endurecidas são sinais que devem ser investigados. Outros sintomas são: alterações no formato da mama como abaulamentos, inversão do mamilo e retração de pele. Saída de secreção transparente ou com sangue pelo mamilo, já as secreções amareladas, esverdeadas ou amarronzadas tendem a ser benignas.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos.

Há vários tipos de câncer de mama. Enquanto alguns tipos têm desenvolvimento rápido, outros crescem lentamente. O câncer de mama apresenta vários estágios da doença, que variam desde tumor inicial microscópico, tumores acometendo toda a mama, e tumores que invadem outros órgãos, como tecido linfático, fígado, pulmão e ossos. O câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença.

A maioria dos casos, quando tratados adequadamente e precocemente, apresentam boa evolução, mas cada um deve ser avaliado individualmente. “O tratamento do câncer de mama apresenta diversas etapas, o objetivo é destruir o tumor atual, evitar que células tumorais se espalharem para outros órgãos e reduzir as chances do tumor voltar no futuro. O tratamento inicia-se pela quimioterapia ou pela cirurgia; algumas caraterísticas tumorais irão guiar o mastologista nessa decisão”, explica a mastologista e ginecologista Laura Penteado, também obstetra e diretora clínica da Theia, clínica centrada na saúde da gestante, que utiliza tecnologia para revolucionar a saúde da mulher.

Mamografia

A detecção precoce, que pode ser feita por meio da mamografia, é o principal exame para rastrear pacientes sem sintomas aparentes, explica a médica especialista em radiologia mamária, Maria Helena Louveira, também professora da Escola Brasileira de Medicina.

“O exame de mamografia é o principal e o único eficaz nos rastreamentos do câncer em pacientes assintomáticas. Embora tenhamos muitos estudos em desenvolvimento e novas tecnologias na busca pelo câncer, ainda assim, a mamografia é o principal método. Sabemos que existe um certo desconforto em relação à compressão das mamas no equipamento, porém, é um desconforto rápido, que dura em torno a três segundos, algo bem tolerável”.

A especialista reforça que o benefício supera o incômodo. “Mesmo com esse incômodo momentâneo, pois a mama é um órgão sensível mesmo, o benefício é infinitamente maior ao fazer o exame e, eventualmente, detectar um câncer e, com isso, salvar vidas. A dica é nunca deixar de fazer o exame e buscar sempre a prevenção precoce, pois ela salva”.

Quando diagnosticado no início, a taxa de cura do câncer de mama é alta. “Se diagnosticado precocemente, o câncer de mama apresenta uma alta taxa de cura, mais de 90% em cinco anos”, completa a mastologista Laura Penteado. Iniciado logo após o diagnóstico, o tratamento aumenta a sobrevida e as chances de cura da paciente.

A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a mamografia de rastreamento anual a partir dos 40 anos para mulheres de risco habitual e a partir dos 30 anos para mulheres de alto risco. O Ministério da Saúde recomenda mamografia de rastreamento a partir dos 50 anos e anual a partir dos 35 anos para mulheres de alto risco. Mas, a mamografia diagnóstica, aquela que é solicitada para elucidação de alterações palpáveis, deve ser realizada em qualquer idade sempre que necessário.

Em casos específicos, porém, o mastologista pode recomendar outros exames além da mamografia. “Atualmente, com os avanços da tecnologia, alguns centros oferecem a tomossintese, um exame 3D que apresenta maior sensibilidade e deve ser realizado em conjunto com a mamografia – exame 2D – sempre que possível. Para as mulheres que apresentam alto risco para a doença, também realiza-se a ressonância magnética das mamas como exame de rotina. O ultrassom é indicado como rastreamento somente em alguns casos específicos, como o de mamas muito densas”, completa a mastologista Laura Penteado.

Histórico familiar

Dois ou mais parentes de primeiro grau (pais, irmãs ou filhas) ou de segundo grau (neta, avó, tia, sobrinha, meio-irmão) com câncer de mama e/ou de ovário já indicam alto risco para câncer de mama. Ou seja, o histórico familiar é um indicativo para começar a prevenção o quanto antes.

É o caso da Ana Clara Vereda, modelo e influenciadora digital, de 30 anos. Em 2010, a mãe dela teve câncer na faixa dos 40 anos, e na mesma época ela havia descoberto dois nódulos chamados tumor filoide. A mãe se tratou e ela fazia os exames anualmente. “A cada ano um nódulo novo aparecia, totalizando oito nódulos benignos e devidamente acompanhados. Não quis tirar pois sempre tive medo de cirurgias”.

Apesar da vida regrada e de praticar esportes desde 2019, a rotina da modelo ficou paralisada com o início da pandemia. “Em maio de 2020 eu havia engordado 10 quilos e resolvi voltar a minha rotina de esportes e dietas. Procurei uma clínica de medicina do esporte e fiz uma série de exames. Na hora de realizar o ultrassom, avisei ao médico que havia oito nódulos que eram acompanhados pela minha mastologista. E aí ele achou o nono, disse que era diferente dos outros e que era para eu acompanhar. Como já tinha o caminho das pedras, peguei o atalho e fui direto fazer a biópsia”, conta.

“Com 28 anos fui diagnosticada com carcinoma invasivo do tipo não especial (Luminal B). Origem completamente hormonal pela produção exacerbada de estrogênio. Descobri tão no início que não precisei de quimioterapia e nem radioterapia. Após a cirurgia, fui direto para o Tamoxifeno, que é um tratamento complementar via oral. Graças ao diagnóstico precoce, as chances de cura aumentam até 90%! Meu nódulo não era palpável, somente os exames de rotina poderiam detectá-lo”.

Diagnosticada no primeiro ano da pandemia, ela conta como foi se tratar na época. “Todo o processo até a cirurgia foi muito delicado, pois eu não poderia me contaminar em hipótese alguma devido a minha imunidade baixíssima. Mas, fiz todo o processo, operei e dois dias depois fui pra casa”. Ana fez a adenomastectomia bilateral com reconstrução imediata das mamas, cirurgia para mulheres que necessitam de mastectomia, mas que possuem a pele livre para a realização de uma reconstrução mamária imediata.

“Mulheres com histórico familiar de câncer de mama são consideradas pacientes de alto risco para desenvolver o tumor e por isso necessitam de um acompanhamento e de uma investigação mais detalhada. Recomenda-se que essa mulher realize ressonância magnética anual após os 25 anos e mamografia após os 30 anos. Geralmente, em famílias com mutações genéticas que favorecem o aparecimento do câncer de mama (por exemplo, mutação BRCA 1 e 2) o tumor tende a surgir em idade mais precoce do que nas gerações anteriores”, alertou a mastologista.

Prevenção

Para o câncer de mama existe a prevenção primária, ou seja, reduzir os riscos de surgimento da doença, a qual está muito correlacionada com os fatores hormonais da mulher. “Ter filhos, amamentar, não usar anticoncepcional hormonal, não realizar terapia de reposição hormonal são fatores protetores para as mulheres”, explica a mastologista. Já a prevenção secundária são exames de rastreamento para detecção precoce da doença.

Ela explica como se dá o fator protetivo da amamentação. “Quando você tem filhos e amamenta, estimula o desenvolvimento das glândulas mamárias e pela alteração hormonal da gestação, o que acaba protegendo a mama contra alterações celulares cancerígenas”.

“Quanto à reposição hormonal na menopausa, outro fator que predispõe ao câncer de mama, ela aconselha a usar com muita parcimônia. “Em alguns casos a mulher tem muita sintomatologia e realmente necessita de uma reposição hormonal, mas os casos tem que ser individualizados, porque está correlacionado com o aumento de câncer de mama. Principalmente as mulheres que têm alto risco familiar para desenvolvimento de câncer de mama, precisa ser muito bem ponderado o uso da reposição hormonal”.

Para as mulheres que optam por não ter filhos, ela recomenda a prevenção secundária, mas alerta. “Realizar mamografia todo ano não vai impedir que a doença apareça, mas aumenta a chance de detectar tumores em estágios precoces, o que aumenta a cura”.

Hábitos saudáveis são protetores

Os hábitos saudáveis também são protetores e auxiliam a reduzir o risco do câncer de mama, assim como de outras doenças. “A ingesta de bebida alcoólica, o sobrepeso e a obesidade, o sedentarismo e a exposição à radiação ionizante são fatores correlacionados a aumento de taxas da doença. Assim, reduzir a ingestão de álcool, praticar atividade física e ter uma alimentação saudável para manter-se em um IMC [índice de massa corpórea] adequado são hábitos recomendados para evitar a doença”.

A médica explica como a obesidade está correlacionada a um aumento do câncer de mama. “As células de gordura produzem estrogênio. Então a mulher obesa tem mais estrogênio circulante e a gente sabe que alguns tipos de tumores de câncer de mama se alimentam desses hormônios. Então quanto maior o nível, maior a predisposição aos surgimentos de câncer de mama”.

Manter atividade física regular e a alimentação saudável reduzem os riscos de aparecimento de cânceres e diminui também outras doenças como hipertensão, diabetes e tumores.

Por isso, desde o surgimento do câncer de mama, a fisioterapeuta Roberta Perez não se descuidou mais. “Embora biologicamente eu esteja curada, uma vez que você descobre a doença, nunca mais sua vida será igual. E quanto mais jovem você descobre, mais chance você tem de desenvolver o câncer de novo. Hoje, faço acompanhamento anual. Mudei péssimos hábitos que tinha e, quando vou à academia vejo como parte do tratamento. Quando me alimento bem e, de forma saudável, faz parte do meu cuidado. Sempre temos uma atenção especial quando se descobre uma doença como essa. Agora, vou fazer uma renovação dos meus exames genéticos, pois está muito avançada a pesquisa genética, para ver se tenho alguma mutação e, assim ajudar meus familiares de primeiro grau, mãe e irmã”.

Impacto da pandemia

Revista Brasileira de Cancerologia de julho de 2022, apontou dados em relação à falta de busca das mulheres pela mamografia durante a pandemia. O Data SUS, que é o sistema de informação dos exames realizados pelo sistema único de saúde, revelou um déficit de mais de 1,7 milhões de mulheres que deixaram de fazer o exame em 2020 com relação a 2019. Essa queda significa quase 40% no número de exames realizados em pacientes assintomáticas (mamografias de rastreamento) em 2020 em comparação a 2019, enquanto, em pacientes sintomáticas, ou seja, com alguma queixa clínica relativa às mamas, a redução foi em torno de 20% nesse mesmo ano.

“Além do aumento na incidência, é preciso dizer que o câncer de mama é uma doença evolutiva. A falta de diagnóstico e de tratamento precoce reflete em menores chances de cura e em tratamento mais complexo e agressivo. E aquele grupo de mulheres que apresentou sintomas suspeitos de câncer mamário durante a pandemia, e que tiveram seu atendimento e diagnóstico atrasados, provavelmente sofreram com o avanço da doença, que pode ter alterado seu estadiamento) processo para determinar a localização e a extensão do câncer presente no corpo de uma pessoa) e, eventualmente, também sua expectativa de vida”, lamenta a especialista em radiologia mamária Maria Helena Louveira.

Conselhos

A modelo Ana Clara ainda dá o seu conselho para as mulheres jovens. “Mulheres, se toquem! Conheçam seu próprio corpo. Não tenham medo de investigar algo incomum por conta do resultado. Sua vida, sua saúde estão a um toque de distância! O diagnóstico precoce aumenta em 90% das chances de cura! Idade não é regra e autocuidado nunca sai de moda”.

A fisioterapeuta Roberta Perez também tem seu conselho. “Quanto mais jovem, temos em nosso subconsciente que vamos morrer velhinhos, e isso dá uma margem para certas prioridades, como colocar trabalho na frente de saúde, lazer na frente de autocuidado, e isso não pode. Aos 27 anos, era muito imatura, workaholic [alguém que trabalha muito], e sei que, parte do meu câncer ter sido diagnosticado em fase avançada se deve a isso. Estava há quatro anos sem ir ao médico e acabei negligenciando meu cuidado. Mulheres, a dica que dou, eu que passei por isso é, revejam suas prioridades, olhem com carinho para você emocionalmente e fisicamente. Olhar para a finitude pode levar à reflexão de como estamos vivemos e sempre é hora de mudar”.

Para a especialista em radiologia mamária, Maria Helena Louveira, as campanhas de conscientização, como as relacionadas ao Outubro Rosa, têm contribuído de forma significativa para difundir informações verdadeiras acerca do câncer de mama, e têm influenciado positivamente as mulheres na busca do exames de mamografia.

“Temos que incentivar a busca pelos exames de detecção, mas, antes disso, fortalecer os vínculos entre as mulheres, para que olhem para suas companheiras  – tias, mães, irmãs que estão desassistidas – e insistam para que falem o que sentem, se percebem algo suspeito em suas mamas, algum nódulo palpável que passou despercebido, para que procurarem o atendimento médico o quanto antes”, aconselha.

Alto risco para câncer de mama

– Dois ou mais parentes de primeiro grau (pais, irmãs ou filhas) ou de segundo grau (neta, avó, tia, sobrinha, meio-irmão) com câncer de mama e/ou de ovário;

– Câncer de mama antes dos 50 anos (pré-menopausa) em um parente de primeiro grau;

– História familiar de câncer de mama e de ovário;

– Um ou mais parentes com dois tumores (de mama e de ovário ou dois tumores mamários independentes);

– Parentes do sexo masculino com câncer de mama.

Agência Ideia Goiás – Novas regras para rótulos de alimentos já estão em vigor

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Agência Ideia Goiás - Novas regras para rótulos de alimentos já estão em vigor
Agência Ideia Goiás - Novas regras para rótulos de alimentos já estão em vigor. Imagem/Freepik

As novas regras para rótulos de alimentos no Brasil já estão em vigor . De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de mudanças na tabela de informação nutricional, a novidade é a adoção de alertas, na parte frontal da embalagem, sobre alguns nutrientes.

Informação nutricional

Uma das mudanças é que a tabela de informação nutricional passa a ter apenas letras pretas e fundo branco. O objetivo, segundo a Anvisa, é afastar a possibilidade de uso de contrastes que atrapalhem na legibilidade.

Outra alteração será nas informações disponibilizadas na tabela. Passa a ser obrigatória a declaração de açúcares totais e adicionados, do valor energético e de nutrientes por 100 gramas ou 100 mililitros, para ajudar na comparação de produtos.

O número de porções por embalagem também passa a ser obrigatório.

A tabela deve estar localizada próximo à lista de ingredientes e em superfície contínua, sem divisão. Ela não pode ser apresentada em áreas encobertas, locais deformados ou regiões de difícil visualização, exceto em produtos de embalagem pequena (área de rotulagem inferior a 100 centímetros quadrados).

Rotulagem nutricional

Considerada a maior inovação das novas regras, a rotulagem nutricional frontal passa a ser considerada um símbolo informativo que deve constar no painel da frente da embalagem. A ideia, de acordo com a agência, é esclarecer, de forma clara e simples, sobre o alto conteúdo de nutrientes com relevância para a saúde.

“Para tal, foi desenvolvido um design de lupa para identificar o alto teor de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. O símbolo deverá ser aplicado na face frontal da embalagem, na parte superior, por ser uma área facilmente capturada pelo nosso olhar”, destacou a Anvisa.

Alegações nutricionais

As alegações nutricionais continuam sendo voluntárias. Em relação aos critérios para o uso dessas alegações, foram propostas, segundo a agência, alterações com o objetivo de evitar contradições com a rotulagem nutricional frontal.

Saiba mais

A Anvisa disponibilizou um documento com perguntas e respostas para esclarecer dúvidas em relação às novas regras de rotulagem nutricional. O conteúdo pode ser acessado aqui.

Agência Ideia Goiás – Médicos destacam papel da espiritualidade para tratar doenças mentais

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Agência Ideia Goiás - Médicos destacam papel da espiritualidade para tratar doenças mentais
Agência Ideia Goiás - Médicos destacam papel da espiritualidade para tratar doenças mentais. Imagem/Freepik

O tratamento dos transtornos mentais com abordagem dos aspectos da religiosidade e espiritualidade (R/E) passou pela pandemia de covid-19 e terá continuidade, afirmam especialistas que participaram do 39º Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado nesta semana, em Fortaleza, pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Trabalhos científicos divulgados ao longo das últimas décadas, entre os quais o estudo Position Statement, do psiquiatra brasileiro Alexander Moreira-Almeida, publicado em 2016 pela Associação Mundial de Psiquiatria (WPA) na revista World Psychiatry, destacam a importância da abordagem e integração da R/E na avaliação, diagnóstico e tratamento de doenças mentais. A WPA reforçou, na ocasião, a relevância das pesquisas sobre o tema e a consideração da religiosidade dos profissionais da saúde mental envolvidos nos atendimentos.

Ao participar do congresso, Moreira-Almeida disse que o posicionamento da WPA já foi um reconhecimento das evidências desse impacto. “Sabemos que a maioria da humanidade tem religiosidade, tem espiritualidade, e que isso impacta a saúde, melhorando quadros depressivos ou evitando que aconteçam, diminuindo comportamento suicida, uso e abuso de substâncias e melhorando qualidade de vida e bem-estar também”, afirmou o especialista, que é vice-coordenador da Comissão de Estudos e Pesquisa em Espiritualidade e Saúde Mental da ABP.

Segundo Moreira-Almeida, a recomendação para profissionais de saúde de forma geral e, em particular, para os psiquiatras, era que soubessem da importância de tal condição para toda a humanidade, que, quando as pessoas lidam com problemas de saúde também buscam a espiritualidade para enfrentá-los e que isso tem impacto positivo.

Na prática, significa que a orientação é que os especialistas, sem ignorar a medicação, a psicoterapia, busquem conhecer a história espiritual da pessoa. “Porque nos interessa conhecer o paciente e perguntar qual é sua religiosidade, sua fé, e quanto isso impacta a sua vida. E, nesse ponto, identificar os aspectos positivos da religiosidade do paciente que podem ajudar o psiquiatra, clínico, ou psicólogo, no enfrentamento dos problemas.”

Achado

O coordenador da Comissão de Estudos e Pesquisa em Espiritualidade e Saúde Mental da ABP, Bruno Paz Mosqueiro, informou que, em 2019, saiu a revisão de um estudo muito completo sobre a relação entre depressão e espiritualidade. “Um achado interessante é que, nos momentos de adversidade, o papel protetor da espiritualidade é muito maior. Isso tem muito a ver com a covid-19, que foi um momento de adversidade.”

Na Universidade de Harvard, um estudo que acompanhou quase 90 mil mulheres nos Estados Unidos, mostrou claramente a importância da religiosidade entre aquelas que frequentam grupos religiosos semanalmente. Mosqueiro salientou a importância de abordar a R/E com os pacientes e integrá-la na prática clínica, porque eles querem muito falar sobre isso.

“E nós, como profissionais, precisamos estar capacitados para conversar, centrados no paciente e no que ele traz de crença. Precisamos aprender como trazer isso para a nossa prática clínica, sem precisar escolher entre o tratamento convencional e religiosidade, mas abordar junto com outros fatores importantes na vida da pessoa”, explicou.

Tendência

Para Alexander Moreira-Almeida, que também é professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, esta é uma tendência veio para ficar, superando visões muito limitadas e parciais do ser humano. Ele lembrou que, no passado, viveu-se uma época em que se salientavam visões psíquicas do paciente, a parte psicanalítica ou psicológica. Depois, deu-se ênfase ao aspecto biológico, de medicações, enquanto outro grupo destacava a visão de estruturas sociais. Todos os grupos estão parcialmente corretos, por apontarem aspectos importantes, mas também errados porque querem “generalizar a partir de uma única ótica”, ressaltou.

O que a WPA e a ABP defendem é uma abordagem biopsicosocioespiritual, que enxergue todas as dimensões do ser humano. “Na verdade, eu escolho o meu paciente. E, nesse paciente, vou lidar com o aspecto biológico, físico, vou saber usar a medicação, a atividade física, o uso de drogas. No aspecto psíquico, como ele está vendo o mundo, a si mesmo, suas dificuldades. No aspecto social, o ambiente onde ele convive, buscar situações mais produtivas. E, por fim, a sua própria espiritualidade, em conjunto com tudo isso”, explicou o psiquiatra.

Moreira-Almeida informou que foi publicada recentemente uma revisão de psicoterapias que incluíam a espiritualidade para tratar problemas psiquiátricos.

Caso faça parte do contexto espiritual do paciente, uma ideia é incentivar que ele frequente, pelo menos uma vez por semana, um grupo de sua religião, faça um trabalho voluntário, tenha uma prática regular diária de oração, meditação e que reflita sobre os problemas do mundo a partir também de sua perspectiva espiritual. “Vou usar a capacidade de recuperação e correção de equívocos, arrependimentos pesados que aconteceram no passado, autoperdão, superação. Tudo isso pode ser usado de modo saudável, visando à recuperação do paciente. Isso tem crescido cada vez mais nas áreas de medicina”, disse o psiquiatra.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia publicou uma diretriz de prevenção cardiovascular com uma seção de espiritualidade. Alexander Moreira-Almeida destacou que a existência de milhares de estudos sobre o tema não deixa dúvida de que é um movimento não tem volta.

Na opinião do especialista, isso se aplica sobretudo no caso da covid-19, cujos efeitos sobre a saúde mental ainda vão se manifestar por algum tempo. No início do confinamento, uma das respostas mais frequentes da população sobre o que mais queria voltar a fazer era voltar logo à sua comunidade religiosa. “A covid lembrou também às pessoas a fragilidade humana, a falta de controle sobre os acontecimentos. E isso tem muito a ver com a busca espiritual.”

Embora ainda não haja estudos conclusivos sobre isso, Moreira-Almeida citou o trabalho de um grupo de pesquisa que investigou mais de 1.600 pessoas durante a pandemia, para ver como a espiritualidade as influenciou, levou a reflexões sobre a existência, sobre a vida. Para muitas pessoas, foi um redescobrir de três coisas: não estou no controle absoluto de tudo; há necessidade dos vínculos familiares e humanos e da própria espiritualidade. “Foram três buscas de crescimento com a adversidade.”

Universitários

Bruno Paz Mosqueiro enfatizou que o tema da R/E tem crescido no meio universitário. Por isso, a comissão se preocupa em trazer para os congressos da ABP mesas-redondas, cursos e palestras sobre o assunto. “Queremos trazer isso para o estudo dos profissionais e também para a população em geral”, afirmou Mosqueiro, lembrando que muitos pacientes ficam satisfeitos ao conversar sobre isso com os psiquiatras. “Muitos relatam que aumenta a satisfação no tratamento, e há pesquisas que mostram isso.”

Já Moreira-Almeida destacou que, entre os estudantes de medicina, existe uma grande abertura para o tema da R/E. Segundo ele, na maioria das universidades, são os estudantes que puxam o tema com as ligas acadêmicas de religiosidade e espiritualidade em todo o país. “Tem tido uma recepção muito positiva”. A comissão da ABP tem parceria com a Liga Nacional dos estudantes, informou o médico.

Confirmação

O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva, disse  que estudos recentes confirmam a relevância da abordagem sobre religiosidade e espiritualidade no tratamento de transtornos mentais, incluindo publicações e editoriais em revistas científicas de grande impacto.

“Trata-se de tema de grande prevalência na população geral. A maior parte dos pacientes demonstra vontade de abordá-lo nos atendimentos em saúde, e dados consistentes reforçam um fator geral predominante protetor da R/E dos pacientes para saúde mental, particularmente nos transtornos depressivos, de humor, transtornos por uso de substâncias e na prevenção ao suicídio”, indicou Silva.

Agência Ideia Goiás – Por que o pólio voltou a preocupar o país

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Agência Ideia Goiás - Por que o pólio voltou a preocupar o país
Agência Ideia Goiás - Por que o pólio voltou a preocupar o país. Imagem/Freepik

Em pouco menos de um ano, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) completa meia década de existência. Considerado uma das políticas públicas em saúde mais bem-sucedidas do país, o programa, em seus quase 50 anos, foi marcado pela erradicação de doenças como a poliomielite, a rubéola, o tétano materno e neonatal e a varíola. Ao longo dos últimos anos, entretanto, algumas doenças voltaram a assustar o país em meio a baixas taxas de vacinação.

A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma das que mais preocupam as autoridades sanitárias. Trata-se de uma doença contagiosa aguda causada por um vírus que vive no intestino, o poliovírus, e que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes e secreções eliminadas pela boca de pacientes. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.

Diante das taxas de cobertura vacinal em queda, o Ministério da Saúde realizou, entre 8 de agosto e 30 de setembro, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite. A campanha chegou a ser prorrogada por causa da baixa adesão. A meta é vacinar 95% de um universo de 14,3 milhões de crianças menores de 5 anos no Brasil. Atualmente, a taxa de cobertura vacinal contra a pólio está em torno de 60%.

Transmissão

A transmissão ocorre pelo contato direto com uma pessoa infectada, pela via fecal-oral (objetos, alimentos e água contaminados com fezes de pacientes) ou pela via oral-oral (gotículas de secreção ao falar, tossir ou espirrar. A falta de saneamento, as más condições habitacionais e hábitos de higiene pessoal precários são fatores que favorecem a transmissão do poliovírus.

Sintomas

De acordo com o ministério, os sintomas mais frequentes da doença são febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta e dor no corpo, além de vômitos, diarreia, constipação (prisão de ventre), espasmos, rigidez na nuca e até mesmo meningite. Nas formas mais graves, instala-se a flacidez muscular que afeta, em regra, membros inferiores.

Tratamento

Segundo a pasta, não existe tratamento específico para a pólio. Todos as pessoas infectadas devem ser hospitalizadas e recebem tratamento para os sintomas manifestados, de acordo com o quadro clínico do paciente.

Sequelas

As sequelas da doença estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus. Normalmente, são sequelas motoras e que não têm cura. As principais são: problemas nas articulações; pé torto; crescimento diferente das pernas; osteoporose; paralisia de uma das pernas; paralisia dos músculos da fala e da deglutição; dificuldade para falar; atrofia muscular e hipersensibilidade ao toque.

Prevenção

O ministério lembra que a vacinação é a única forma de prevenção da pólio. Todas as crianças menores de 5 anos devem ser imunizadas conforme esquema de vacinação de rotina e também por meio das campanhas anuais. O esquema vacinal consiste em três doses da vacina injetável (aos 2, 4 e 6 meses de vida) e duas doses de reforço com a vacina oral bivalente, conhecida como gotinha.

Alerta

Em nota, o ministério destacou que o Brasil é referência mundial em imunização e conta com um dos maiores programas de vacinação do mundo. Anualmente, o PNI aplica cerca de 100 milhões de doses de diferentes vacinas, enquanto o Sistema Único de Saúde (SUS) tem capacidade para vacinar até 1 milhão de pessoas por dia.

“Toda a população com menos de 5 anos precisa ser vacinada para evitar a reintrodução do vírus que causa a paralisia infantil”, alertou a pasta.

De acordo com o ministério, doenças já eliminadas graças à vacinação correm o risco de reintrodução no país devido às baixas coberturas vacinais, voltando a constituir um problema de saúde pública. “Levem seus filhos às salas de vacinação”, reforçou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na semana passada.

Principais fatos

Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), representação da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, mostram que uma em cada 200 infecções pelo poliovírus resultam em paralisia irreversível (geralmente das pernas). Entre as pessoas acometidas pela doença, de 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.

Segundo a entidade, os casos da doença diminuíram mais de 99% nos últimos anos, passando de 350 mil casos estimados em 1988 para 29 casos notificados em 2018. A maioria dos casos, atualmente, se concentra no Afeganistão e no Paquistão, onde a doença é considerada endêmica. Em 2022, dois casos foram contabilizados em Israel e nos Estados Unidos.

“Enquanto houver uma criança infectada, crianças de todos os países correm o risco de contrair a poliomielite. Se a doença não for erradicada, podem ocorrer até 200 mil casos no mundo a cada ano, dentro do período de uma década”, informou a Opas.

O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. Entretanto, a Opas alerta que, até que a doença seja erradicada no mundo, há risco de casos importados e, consequentemente, de o vírus voltar a circular em território brasileiro. “Para evitar isso, é importante manter as taxas de cobertura vacinal altas e fazer vigilância constante”, acrescentou.